Nascido em Redenção
da Serra, cidade encravada nos contrafortes da serra do mar, em 15/Maio/1932,
filho de Antonio Justino de Faria e Mariana Antonia de Faria, agricultores e
criadores de ovelhas para tosquia de lã; Cedo o menino Justino já deu mostras de
seu talento nas artes plásticas, desenhando com pedaços de carvão do fogão a
lenha, santos, festas e as paisagens serranas nas paredes da casa de seus pais,
até em arvores, bananeiras e gomos de bambu gigante desenhou, utilizando-se de
um estilete. Sensibilizado, seu pai o mandou estudar com mestre Manoel Rocha
Filho, um verdadeiro “Da Vinci” caipira, ele era: farmacêutico, político,
pintor, músico, inventor, escritor, compositor e poeta. Manézinho, como era
chamado carinhosamente pelo povo redencense, ensinou Justino a misturar as
cores, os tons eram a sua paixão, seu primeiro trabalho colorido foi uma tela do
Sagrado Coração de Jesus, ainda hoje guardada em sua casa, em
Taubaté.
Justino sempre
lembra dessa sua fase com grande carinho e respeito pelas pessoas com quem teve
contato e que influenciaram tanto em sua vida pessoal como artística, nessa
época aprendeu a gostar de Monteiro Lobato, uma curiosidade: para comprar os
livros, Justino colhia café no sitio de seu pai e vendia os grãos em Taubaté,
com o dinheiro gastava tudo em livros e materiais de pintura e
desenho.
Redenção da Serra já
não mais saciava a sede de conhecimento do mestre, então Justino partiu em busca
de novos conhecimentos e de si mesmo. Em Mauá pintou louças tendo como mestres,
os chineses da fabrica de porcelanas Real, na baixada santista ilustrou cartazes
para filmes dos estúdios da Vera Cruz e até mesmo trabalhou ilustrando livros
para a editora Formar, mas nunca deixou de estudar e de pintar. Em Taubaté,
Justino teve outro grande mestre, Anderson Fabiano, que o introduziu a pintura
moderna e que mais tarde foi seu companheiro no chamado “grupo dos oitos”, que
eram artistas que se reuniam em uma casa no largo do teatro Metrópoles para dar
aulas de pintura, artes plásticas em geral e para fazer suas
exposições.
Mas as grandes
paixões de Justino são os murais, sendo o seu primeiro mural o da catedral de
Bragança Paulista, retratando a via sacra, obra essa polemica, pois os
personagens da via sacra são tipicamente brasileiros, em vez de soldados
romanos: policiais militares, as paisagens lembravam as montanhas ao redor de
Bragança Paulista, as casas em estilo colonial e cavalos amarrados à porta do
botequim, para os católicos tradicionalistas de Bragança foi demais, mas mestre
Justino não ligava para as críticas de mentes tacanhas, acostumadas com o óbvio
e o eterno retorno do mesmo, Justino quer com sua arte que as pessoas se engajem
numa eterna procura pelo novo e conseqüentemente num eterno descobrimento de
novas possibilidades.
Em Redenção da Serra
na capela de Santa Cruz, Justino pintou o tema “Vida – Dádiva de Deus”, pintando
o Gênese, velho testamento, novo testamento, representando a vida: coloca os
operários, cineastas, artistas plásticos, engenheiros da NASA e finalmente pela
sabedoria e tecnologia, gerada pelo homem, a paz mundial entre os povos.
Justino também
expressou as suas idéias, em forma de arte, nos murais feitos em diversos
prédios da prefeitura de Taubaté, tais como: Câmara dos vereadores,
contando a história do município desde os bandeirantes e passando por seus
filhos ilustres, Monteiro Lobato, maestro Fêgo Camargo, artista plástica
Georgina de Albuquerque, Mazaropi que adotou Taubaté como segundo lar,
figureiras da Imaculada; Biblioteca Municipal tem o mural “Vida e Obra de
Lobato” onde Justino reafirma a sua grande admiração pelo gênio de Monteiro
Lobato, tanto pela suas obras literárias como pela suas idéias e amor a pátria;
Departamento de Educação, Cultura e Esportes mural retratando
figureiros da Imaculada, a barganha no mercado municipal; Serviço Social
municipal mural onde exprime a sua revolta pelos problemas sociais:
viciados em drogas, crianças e velhos abandonados, mendigos e a sua admiração
pelos anjos humanitários: irmã Dulce, madre Tereza de Calcutá e o mestre Jesus
Cristo; o ultimo mural de Justino foi na escola municipal “José
Ezequiel de Souza” retratando os personagens e as antigas instituições de
ensino que existiam em Taubaté.
Mestre Justino
partiu em sua ultima viagem de conhecimento, que ele tanto tinha curiosidade de
saber como era e o que haveria lá (adorava ler e conversar sobre espiritismo,
esoterismo, vida após a morte, extraterrestre), no dia 21/04/1994, tendo sido
sepultado na sua querida terra natal Redenção da Serra, como ele mesmo dizia:
“Lá onde, no alto da serra, me sinto um pouquinho mais perto do Grande Arquiteto
do Universo”.
Em 1997 a sua grande amiga Thereza Freire Vieira
publicou o livro biográfico “Mestre Justino e sua arte cabocla”, pela editora
Publicon - Taubaté.
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